A mistura de gêneros com discussões malucas que o terror proporciona é o que me faz ser apaixonado pelo horror. Poder tratar de temas íntimos como depressão, inveja ou amor da maneira mais bizarra e criativa possível torna tudo ainda mais fascinante para quem se arrisca no medo. Então, imagine misturar o drama de um relacionamento claramente fadado ao fracasso como também ao apego emocional com um lindo e doentio body horror.
O casal Tim (Dave Franco) e Millie (Alison Brie) estão passando por um momento difícil no relacionamento, falta de conexão junto do distanciamento, tanto sexual quanto emocional. No meio desse climão todo, eles decidem se mudar para uma cidade interiorana, onde acabam mexendo com uma força sobrenatural que vai reaproximá-los como nunca.
A princípio, o longa deixa clara a ideia do distanciamento do casal, flertando com trocadilhos sobre como deveriam ser mais “unidos” (muito engraçadinho da parte do roteiro). Conforme a coisa anda, vemos uma escalada no tom do longa, aumentando cada vez mais o bizarro. Sem se apoiar só no horror corporal, o diretor Michael Shanks cria sustos secundários brincando com a paranoia de Tim de modo tão bem orquestrado que impressiona por sua pouca experiência.
Esse pano de fundo do relacionamento por um fio, é usado para engrenar toda a história, algo bem básico, o que é perfeito! Não atrapalhando o foco de sua proposta de ser um horror, que é onde realmente brilha. A expectativa criada pelos planos inventivos e o surto na real catarse chegando criam um colapso nos sentimentos, manipulando o público com pura angústia e aflição.
Dave Franco está um show à parte: completamente complexado e paranoico. Grande parte das cenas que vão te causar algum sentimento, seja de medo, tensão ou agonia a ponto de gerar dor física (quem viu, sabe…) graças aos seus surtos. Alison brilha igualmente, seja sendo fofa para que tenhamos mais empatia por ela, seja no desespero, sendo responsável por me dar um dos maiores sustos que tomei. É um timing cômico macabro para manusear uma serra elétrica.
“Juntos” não chega a ter as camadas de um Substância, e nem precisa disso, ele sabe seu lugar e se diverte do começo ao fim no seu jeito de conduzir o horror.
Mesmo com o uso extremamente limitado de sangue nas cenas, o body horror se dá por si só. Sons grotescos, trilha sonora hipnotizante e a mistura perfeita da direção de Michael Shanks com as atuações de Dave Franco e Alison Brie fazem de “Juntos” o filme mais agoniante para se ver num date (e isso é incrível).
“Juntos” tem estreia dia 14 de agosto nos cinemas.
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