“Avatar 3”: igualmente lindo e repetitivo

Na nova sequência, James Cameron entrega um universo ainda mais grandioso, porém preso à simplicidade e às soluções já conhecidas.

Mais uma vez, a máquina de dinheiro de James Cameron estreia. O diretor lança a sequência de seu tão querido universo, Avatar 3. Como esperado, entrega exatamente o prometido, e já visto nos filmes anteriores.

Nesta sequência, acompanhamos a família Sully lidando com o luto pela morte de Neteyam, enquanto enfrenta uma nova e perigosa tribo, o “Povo das Cinzas”, liderada por Varang (Oona Chaplin de Game of Thrones), que se alia a Quaritch para caçar Jake e espalhar seu rastro de destruição.

Sabemos que a franquia se baseia fortemente no apelo visual, a criação de mundo que a faz parecer tão viva e pulsante quanto o orçamento de 400 milhões de dólares. E isso não decepciona. O nome Avatar ainda carrega o sinônimo de espetáculo visual, mas, infelizmente, também reforça uma história simples, com finais já conhecidos.

Apesar de apresentar um motor dramático interessante para o desenrolar da trama (o luto pela morte do filho prodígio, Neteyam) a narrativa pouco avança nessa construção, lembrando apenas da culpa e do martírio que Lo’ak (Britain Dalton de Colheita Sombria) carrega por ter causado a morte do irmão.

Deixando esses fatores de lado, o que temos é mais uma expansão do universo, com o desenvolvimento de Eywa com a personagem de Kiri (Sigourney Weaver de Alien), simbolizando uma silenciosa e talvez ausente mãe natureza. Tema que não é novo, desde o primeiro longa a ligação entre os nativos e a preservação natural e, do outro lado, os humanos e sua destruição e consumo dos recursos formam uma clara e constante crítica por meio desse maniqueísmo, que se cruza diretamente com a realidade.

Spider (Jack Champion de Pânico 6), o personagem apresentado no longa anterior, volta a ganhar destaque, em uma tentativa de amolecer o coração racista e agora Na’vi, Coronel Miles Quaritch (Stephen Lang). Ele realmente faz o público se importar mais com esse protótipo de “menino Mogli”, virando chave central não só para esta história, como imagino para as próximas sequências.

A ameaçadora Varang

Para quem estava empolgado com a renovação de uma nova vilã, há motivos para comemorar, ainda que parcialmente. Varang é uma líder tribal, saqueadora e extremamente exótica, tanto pela maneira como elimina seus alvos quanto por sua visão de mundo. Uma adição incrível para uma franquia que, em dois filmes, teve o mesmo antagonista (mesmo com ele morrendo no primeiro).

Eis então mais um dos fatores que enfraquecem Avatar 3, Varang, a selvagem e ameaçadora Na’vi, é domada pelo Coronel Quaritch e acaba se transformando em um acessório ao formar um casal com essa figura interessante, porém já cansativa.

O enfraquecimento não se limita a isso. Uma conclusão final com humanos versus nativos é repetida pela terceira vez, e ainda sem coragem de trazer risco real ou ceifar o destino de personagens relevantes.

A impressão que fica é que mesmo sendo o mais diferente dos três filmes, acaba por ter um encerramento que o rebaixa, com um pastiche de si próprio ainda fresco demais na memória do público. 

Avatar 3: Fogo e Cinzas estreia no dia 19 de dezembro nos cinemas.

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Written by Pierre Augusto

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