Bugonia é mais um fruto da parceria entre Yorgos Lanthimos e Emma Stone, dessa vez usando a já conhecida acidez e ironia do diretor para ridicularizar conspiracionistas e, mais uma vez, elevar o talento de Stone.
O longa foi exibido durante uma sessão antecipada na 49ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.
Teddy (Jesse Plemons, de O Ataque dos Cães) e Don (Aidan Delbis), dois homens obcecados por teorias da conspiração, sequestram a poderosa CEO Michelle Fuller (Emma Stone, de Pobres Criaturas) após se convencerem de que ela pertence a uma raça de alienígenas que deseja destruir o planeta Terra.
Em comparação aos outros filmes do diretor, não há queda de qualidade, mas o que alguns podem questionar é a falta de estranheza. Bugonia tem seus momentos bizarros, mas está longe de alcançar o caráter onírico e experimental das produções anteriores de Lanthimos.
Em compensação, sua acidez característica é turbinada, muito pela colaboração dos dois atores de maior impacto do filme, Jesse Plemons e Emma Stone. Ambos brilham na entrega insana das falas do roteirista Will Tracy (O Menu), se complementando nos momentos de alívio e na construção do puro pânico.

Esse terror do sequestro, somado à sensação de estar nas mãos de um completo lunático, não é deixado de lado. Yorgos controla as emoções de forma magistral, usando as expressões de Emma para provocar risadas e a insanidade de Jesse para nos fazer temer o imprevisível. O filme contém ótimas cenas que andam de mãos dadas com o terror psicológico, mas que certamente são capazes de causar gatilhos no público.
A complexidade emocional que cerca a produção é usada para mostrar como, em momentos de fragilidade, podemos nos agarrar a lugares perigosos. Neste caso, o apego a conspirações sensacionalistas arrasta Teddy e Don à completa loucura, movidos por uma fé cega na busca por “justiça” com as próprias mãos.
O longa encerraria seu arco de forma perfeita se reforçasse esse alerta de como pessoas emocionalmente vulneráveis podem ser acolhidas por grupos extremistas. Mas, em vez disso, temos um final previsível, mas ainda ridículo, como pedem as narrativas surreais de Yorgos, mas que acaba esvaziando o tema construído em tela.
“Bugonia” estreia dia 27 novembro nos cinemas.



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