O resgate a franquias nostálgicas dos anos 90 já está mais do que estabelecido nos tempos de hoje. Há bons exemplos, como Pânico 5, que, ao mesmo tempo em que se auto-referência, se atualiza e entrega novas características à franquia. Os maus exemplos, como o recente “Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado“, regride nos pontos fortes do original e maltrata a nostalgia, mesmo com a participação dos atores originais.
Sendo extremamente similar à trama de 1997, o novo filme mostra um grupo de cinco amigos que acaba, acidentalmente, provocando um acidente fatal de carro, omitindo o socorro à vítima. Um ano depois, ameaças e mortes começam a acontecer, e só resta a eles correr atrás dos sobreviventes do massacre de Southport: Ray (Freddie Prinze Jr.) e Julie (Jennifer Love Hewitt).
A sequência direta dos dois primeiros filmes, de 1997 e 1998, não esconde que seguirá a mesma estrutura da franquia, nem que se referencia a todo momento. Isso, a princípio, funciona por estar sendo usado com personagens novos, que têm sim seu carisma, especialmente Danica (Madelyn Cline), que, entre o elenco, tem o melhor timing cômico, carregando todas as cenas tiram uma risada.
Como guia central da narrativa, Eva (Chase Sui Wonders, de Bodies Bodies Bodies) acrescenta tanto quanto o restante do elenco: cumpre seu papel, mas não se destaca em nenhuma área. Como protagonista, é uma scream queen tão esquecível quanto o próprio filme.
Agora, chegando aos pontos mais problemáticos do longa: a diretora americana Jennifer Kaytin, escolhida para comandar o filme, deixou clara sua capacidade de entregar boas cenas cômicas, onde demonstra mais domínio. Porém, no terror falha não só na criatividade como também na construção de tensão.
Tratando-se de um slasher, o que move nossa diversão é a construção de cada morte. Por mais sádico que pareça, o gênero exige criatividade para surpreender e impressionar o público a cada movimento do assassino. Aqui, esse potencial é esgotado já na primeira morte, que alterna elementos de humor com a cena de um pobre coitado morrendo.
E é isso: os pontos de inventividade nas cenas de serial killer ficam por aí, com o restante se resumindo a cenas similares às que já vimos antes, às vezes com uma montagem fraca, que elimina a tensão ou apresenta saltos desconexos entre uma perseguição e outra.
A verdadeira identidade do assassino, inclusive, é entregue de bandeja, tirando o impacto da grande revelação e trazendo uma justificativa óbvia, o que deixa tudo ainda mais insatisfatório.
Cartilha dos revivals
Como não podia faltar em uma continuação/revival, Freddie Prinze Jr. e Jennifer Love Hewitt voltam a Southport. Dessa vez, com uma mensagem interessante sobre maneiras de lidar com traumas, resultando em um único diálogo promissor entre eles.
Outra que faz uma participação especial é Sarah Michelle Gellar, como o fantasma de Helen Shivers. Em uma cena que não só não acrescenta nada à trama, como ainda utiliza um CGI digno de PlayStation 2 para o que deveria ser um jumpscare.
O uso de atores da versão “original” já se consolidou como praxe em revivals como esse, mas a forma como são inseridos faz a diferença entre uma homenagem respeitosa e um apelo desesperado para atrair os mais nostálgicos.
Futilidade no humor também é crítica (quando não se perde)
Um ponto válido é uma crítica ácida que a produção faz à futilidade da nova geração, tentando seguir os moldes de Bodies Bodies Bodies (dirigido por Halina Reijn), que satiriza a falta de senso da juventude twitteira.
Mas aqui essa crítica perde força a cada cena, culminando em um final com frases de efeito completamente vazias, retiradas diretamente de redes sociais e jogadas no roteiro sem peso narrativo.
O longa estreia no dia 17 de julho nos cinemas.
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