Texto por: Elder Oliveira
Vamos ser sinceros, a expectativa para “Ne Zha 2: O Renascer da Alma” estava nas alturas. O primeiro filme foi uma surpresa, uma explosão de criatividade e emoção que ajudou a colocar a animação chinesa em outro nível. E aí vem a grande questão. A sequência conseguiria repetir o feito?
A resposta é curta? Sim. E de muitas formas, ela vai além.
Visualmente, o filme é um absurdo, um espetáculo que te impressiona de tão lindo. Cada cena, cada cenário na tela é de uma riqueza de detalhes que faz a gente se perguntar como aquilo é possível. A direção de arte mergulha de cabeça na mitologia chinesa e nos entrega um mundo vibrante, mágico e, por vezes, assustador.
Mas um filme não vive só de beleza, e é no coração da história que “Ne Zha 2” me ganhou de verdade. A gente reencontra Ne Zha e Ao Bing exatamente onde os deixamos, como espíritos, sem corpos, precisando um do outro para sobreviver. E a jornada deles para se reconstruírem é o fio condutor de uma trama cheia de ação, mas também de uma sensibilidade que arrepia. A dinâmica entre esses dois, o demônio rebelde e o dragão honrado, continua sendo a alma da franquia. A amizade deles é testada, aprofundada, e a gente torce por eles com o coração na mão.
O roteiro, embora siga uma estrutura de jornada do herói mais convencional em comparação com as subversões do primeiro filme, consegue manter o interesse ao introduzir novos personagens carismáticos e expandir a cosmologia do universo. A narrativa explora temas como sacrifício, redenção e a luta contra um destino pré-determinado, se conectando com um público amplo para além das referências culturais específicas.
Contudo, o filme não está isento de pequenas falhas. Em sua ânsia de superar o original em escala, “Ne Zha 2” por vezes se apoia em um ritmo frenético que pode deixar pouco espaço para a respiração em determinados momentos. A complexidade da mitologia e a introdução de múltiplos novos elementos podem se mostrar um desafio para os espectadores não familiarizados com o material de origem, embora o filme se esforce para ser acessível.
“Ne Zha 2: O Renascer da Alma” é uma sequência que cumpre e, em muitos aspectos, supera as altas expectativas. É uma obra que demonstra a maturidade e o potencial ilimitado da animação chinesa, oferecendo uma experiência cinematográfica que equilibra o espetáculo visual com uma narrativa emocionalmente envolvente. Para os fãs do primeiro filme, é uma continuação obrigatória que expande de forma satisfatória o universo e seus personagens. Para os não iniciados, é uma porta de entrada para um mundo fantástico e uma prova contundente do poder do cinema de animação como forma de contar histórias universais e emocionantes.
GIPHY App Key not set. Please check settings