“Superman” traz esperança, política e coração em recomeço da DC

Superman retorna com esperança, crítica política e grandes atuações em um filme que parece saído direto dos melhores episódios da animação da DC.

Superman e Krypto - DIVULGAÇÃO
Superman e Krypto - DIVULGAÇÃO

A reintrodução da DC nos cinemas não podia ser mais segura do que nas mãos de James Gunn. O diretor responsável pelos melhores filmes da Marvel (SIM! A trilogia Guardiões da Galáxia) agora comanda não só a DC como também dirige e roteiriza Superman, deixando claro que o futuro é lindo e esperançoso.

Três anos após sua primeira aparição, com monstros e heróis já estabelecidos, Superman começa com esse cenário desenhado, nada de filme de origem aqui. Após evitar o início de uma guerra no Oriente Médio, Superman enfrenta as manipulações de Lex Luthor, que o faz questionar sua própria índole e colocar em risco tudo que o representa.

Ele fez de novo. Mais uma vez James Gunn prova que o gênero de super-herói não está saturado, o que se saturou foi a paciência do público para produções genéricas e sem amor. Superman resgata todo o simbolismo incumbido no personagem: a esperança de lutar por um mundo melhor, sem perder a alegria.

Heróis estabelecidos

Com referências diretas não só aos quadrinhos como aos clássicos desenhos animados da DC (com os quais crescemos assistindo), o longa começa com tudo estabelecido. Monstros e heróis já existem há três séculos e Superman está ativo há três anos.

Essa escolha de já nos entrega um universo funcional com os absurdos heroicos,  jogando o espectador de paraquedas, não deixando outra opção a não ser embarcar no mundinho.

Mundinho esse que sofre ataque desde monstros gigantes (à la Godzilla, só que fofo) até criaturas cósmicas. Trazendo o absurdo das histórias em quadrinhos, deixa de lado toda a seriedade que seria vista numa versão do Zack Snyder ou Nolan, proporcionando assim um grande episódio de Liga da Justiça Sem Limites.

O que, claro, não seria possível sem a atuação de David Corenswet, que mais do que mostrar como Superman é forte, nos mostra seu verdadeiro significado. Acreditar no amanhã. Em sua atuação, ganha vida a esperança e o herói que salva desde crianças até cachorros e esquilos. Com um brilho no olhar, Corenswet dá aula sobre o que é respeitar um legado.

Como Clark Kent, infelizmente temos pouco, mas o pouco que temos vale ouro. Atuando ao lado de Rachel Brosnahan como Lois Lane, os dois entregam química, tesão e inteligência. Carregam, inclusive, dois dos melhores diálogos do filme, sempre ressaltando as emoções que fazem o kryptoniano ser, acima de tudo, humano.

Como chegamos no ponto das atuações, precisamos falar do monstro que está Nicholas Hoult! Transformando Lex Luthor em uma força da natureza, movida por ódio e inveja. Aqui ele se consagra como o maior vilão do herói, tanto em crueldade quanto em atuação.

Não é novidade para ninguém que os capachos de Lex são os personagens Ultraman e a Engenheira, usados meramente para grandes cenas de ação. Mas nem por isso mereciam ser tão superficiais. Foram feitos para apanhar, mas um pouco de substância seria ótimo.

Gangue da Justiça

Mesmo com a duração de duas horas, o longa não sofre com barrigas, aproveitando o tempo de tela para dar vida ao universo criado, seja contextualizando o vilão, ou introduzindo a incrível Gangue da Justiça.

Composta pelo Lanterna Verde Guy Gardner (Nathan Fillion, de Firefly), Mulher-Gavião (Isabela Merced, de The Last of Us) e o Senhor Incrível (Edi Gathegi de Vingança e Castigo), entregam não só muitas das pérolas do filme como equilibram a “inocência” do kryptoniano com a malícia humana.

Interpretado por Nathan Fillion, o marrento lanterna verde finalmente nos entrega boas cenas de constructos para enfrentar seus obstáculos, desde um dedo do meio gigante até uma máquina de bate-estaca para furar um olho (isso mesmo). Mas muito além disso, ele entrega o humor que só um personagem rabugento poderia ter, gerando simpatia imediata.

O fandom brasileiro da Mulher-Gavião pode comemorar, mas em partes. Merced fica tão selvagem quanto possível no papel, mostrando a força da personagem. Mas o tempo de tela limitou suas falas ao extremo. Infelizmente ficamos querendo mais Mulher-Gavião, mas ainda temos a simpatia arrasadora de corações da Srta. Isabela Merced.

O Senhor Incrível é quem ganha mais destaque da Gangue, sendo peça-chave para o andamento da história. É também o protagonista de uma sinfonia de caos e ação ao maior estilo James Gunn, no que foi o plano-sequência mais longo da produção.

Verdade, Justiça e um Amanhã Melhor

Mesmo com alguns pontos aparentemente bobos na trama como forma de resolução, o que temos aqui não é um filme que te trata como idiota, mas consciente de seu ideal, sendo ao mesmo tempo cartunesco e político quando precisa.

A trama da interferência do Superman em uma guerra no Oriente Médio faz um claro e explícito paralelo com a realidade que vivemos atualmente, e de maneira a se posicionar firme em sua convicção anti-genocídio palestino.

O flerte com a cruel política sempre esteve presente nas histórias da DC, porém nunca de forma objetiva nos filmes. Sendo completamente necessário para desvincular a imagem “Snyder/Omni-Man” reacionária que o personagem ganhou na última década.

Essa leveza ao abordar temas que são sim complexos e relevantes mostra o pontapé certeiro da DC para voltar com seu universo. Estabelecendo sua coragem ao criticar nossa realidade ao mesmo tempo que nos diverte com uma trama leve. E que maneira melhor de dizer isso do que mostrando que o maior ato de rebeldia… é ter esperança.

Superman estreou no dia 10 de julho nos cinemas.

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Written by Pierre Augusto

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