O terror de baixo orçamento sempre conquistou o coração dos amantes de filmes trash. Mas, recentemente, a onda de versões de personagens clássicos que caíram em domínio público vem se aproveitando do bizarro, não para fazer algo divertido com essa ideia criativa, mas sim para lucrar com filmes muito abaixo do medíocre. Felizmente, “Screamboat: Terror a Bordo” acerta em cheio ao ser tão horroroso a ponto de divertir.
Em 2024, a versão do Mickey Mouse em Steamboat Willie (1928) entrou no domínio público, conforme a legislação dos EUA. Era questão de tempo até que alguma produtora se aproveitasse da imagem icônica do ratinho da Disney, e o responsável pelo atroz Screamboat é Steven LaMorte, proprietário da Sleight of Hand Productions, que esteve por trás de Terrifier 2 e Terrifier 3, e, é claro, dessa vez com LaMorte na direção.
Quando a última balsa noturna de Nova York parte, passageiros e tripulantes são caçados por um rato maldito. Lutando pela vida, a única opção deles é descobrir a fraqueza do roedor e pedir ajuda.
Com essa premissa incrivelmente simples, você já tem o necessário para entender as pretensões do longa. Mas, caso não esteja claro ainda, os diálogos de Steven LaMorte vão deixar isso evidente. Tanto a construção das conversas quanto a direção são de um pastelão inacreditável, com personagens irritantes e uma chuva de referências à Disney, indo de piadas com o parque até citações das canções mais populares.
Para melhorar essa produção, temos Selena (Allison Pittel), uma bartender que entra na balsa para fugir de um grupo de mulheres alucinadas que estão comemorando um aniversário e não param de beber. Esse grupo de festeiras não só carrega o papel de ser o das insuportáveis do longa, como são claramente as princesas da Disney — e não preciso nem dizer o futuro delas com esse Mickey a bordo, né?
Willie, o rato assassino, é interpretado de maneira icônica por David Howard Thornton. Os mais engajados no terror gore e trash o conhecem como o palhaço Art, de Terrifier. No papel desse rato grotesco, Thornton não precisa dizer uma palavra para passar sua caricatura, somente com trejeitos exagerados ele já transmite o carisma que só um roedor tão horroroso podia ter. Destaque, inclusive, para a cena em que é reproduzido o famoso momento do Willie pilotando seu barco e assobiando, porém de uma maneira um pouco mais sangrenta.
Em seu primeiro e segundo ato, as mortes do filme são extremamente criativas, tirando boas risadas com tanta tosquice e sangue. Porém, ao encaminhar para o final, suas resoluções começam a ficar bobas, o que é esperado de um filme com essa proposta, mas, a esse ponto, a catarse que deveria ser entregue acaba ficando à deriva.
Screamboat cumpre o papel de ser uma piada nojenta e divertida, sem cair na repetição. Steven LaMorte, com certeza, garantiu mais uma franquia em suas mãos. E assim esperamos por mais filmes B tão toscos quanto esse.
O longa chega aos cinemas brasileiros no dia 1 de maio.
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