Com mais de duas décadas de carreira, Viviane Batidão é uma das grandes representantes da música paraense. Vencedora da categoria Brasil no Prêmio Multishow em 2024, ela carrega o tecnomelody — gênero que mistura o romantismo do brega, com batidas eletrônicas e referências regionais.
Com grande destaque no cenário da música, a cantora agora inicia uma nova fase com o lançamento da faixa título do seu primeiro álbum de estúdio: “É Sal”. Mais do que uma simples gíria paraense, o título do disco carrega o espírito de recomeço: “É o fim de uma era para o começo de uma nova fase”, explica Viviane.
A cultura amazônica vem ganhando cada vez mais projeção — com Belém se preparando para sediar a COP 30. A cantora reflete sobre conquistas, desafios e o orgulho de representar o Pará: “Quando ganhei o Prêmio Multishow, só queria gritar. Não foi só a Viviane que ganhou. Era um prêmio da cultura paraense.”
Em entrevista a Conexão Beat, Viviane Batidão Viviane fala sobre o novo álbum, sua apresentação na Virada Cultural de São Paulo, e sua presença na COP 30. Confira a entrevista na íntegra:
Conexão Beat: Você chega com “É Sal”. O que essa gíria representa para a cultura paranaense?
Viviane Batidão: “É Sal” é uma gíria paraense extremamente popular. Significa o fim de alguma coisa para um recomeço de algo melhor. É a faixa título do álbum. É o fim de uma era para o começo de uma nova fase. Eu queria muito que o álbum pudesse ter algo que surtisse uma curiosidade no público. Pode ser o sal que dá o sabor, de tempero, mas para o nosso álbum é uma gíria popular muito forte nossa. Na música, eu conto uma história que fala sobre uma mulher que está se libertando de um relacionamento que não deu certo, e junto de um clipe. Ela deixa esse boy lixo e vai para uma festa que está acontecendo na frente da casa dela com os vizinhos, amigos e familiares e vive esse momento de se reconectar com novas experiências, de novos começos e amores.”
Conexão Beat: Você traz elementos como o rock doido, as aparelhagens e gírias locais. Conta mais sobre a produção e a escolha dessa faixa.
Viviane Batidão: Essa música é um rock doido, porque usamos total referência musical do rock doido. É como se fosse uma nova vertente do tecnomelody, mais atual e mais pesada. Tem a batida da bateria mais na cara, tem contra baixo muito forte, e uma guitarra acompanhando. É mais seca e não tem tantos instrumentos e elementos como um tecnomelody, que é mais melódico. E não tem nada a ver com o rock do gênero musical. Isso veio de uma gíria muito nossa. De dizer “Ah, hoje vou para o rock doido. Que é uma festa de aparelhagem popular muito legal”. Além de musicalmente ter sido criada para ser um rock doido, ela conta essa história romântica mas empoderada só que para cima, e no clipe a gente traz essa conexão visual.
Conexão Beat: Quais são as expectativas com o lançamento do seu primeiro álbum e o que o público pode esperar das próximas faixas?
Viviane Batidão: Estou muito feliz e com uma expectativa muito alta. Esse álbum representa um passo importante na minha carreira, porque é um trabalho que estou fazendo justamente para ter uma projeção mais nacional, para que as pessoas de fora da bolha paraense consigam me conhecer e ouvir minha música. Tenho certeza de que o público vai se surpreender. Fiz tudo com muito amor e cuidado, e selecionamos músicas incríveis. O álbum tem oito faixas e está muito rico culturalmente, com muita diversidade sonora, mas sem perder a minha essência.

Conexão Beat: Como é ser uma das principais vozes do movimento tecnomelody ? Você acredita que a cultura popular paraense tem ganhado mais espaço no Brasil?
Viviane Batidão: Com certeza. A gente vive um momento que a internet está aí, e as pessoas estão tendo acesso através das redes sociais a cultura, independente da região. Estamos num momento muito propício de se apaixonar pelo que é do Brasil. Apesar de não ser fácil, tenho uma equipe que me ajuda a furar a bolha para o restante do país conhecer a cultura do Pará. Tenho 25 anos de carreira, e faço parte de uma galera que luta muito para que consiga furar a bolha e fazer a nossa cultura ser ouvida e ser vista.
Conexão Beat: Em 2025, Belém será sede da COP 30, e você é um dos rostos do evento ao lado de Gaby Amarantos e Zaynara. O que isso significa para você?
Viviane Batidão: Tenho orgulho de ter sido escolhida para ser uma porta-voz para a COP 30, mas é uma responsabilidade muito grande também. Nossa capital está sendo trabalhada para receber esses turistas, e essas pessoas do mundo para acolhê-los e fazerem eles se sentirem bem para que possam estar dispostos a discutirem um assunto tão importante, que são as mudanças climáticas, para que a gente consiga mudar a realidade das próximas gerações. Estamos junto nomes como Gaby Amarantos, Joelma com Mariah Carey e a banda Coldplay, além de vários eventos que ainda vão sair na programação. É muito grandioso e importante. Como uma mulher da Amazônia, que vivencia essa floresta linda todos os dias e tem oportunidade de tomar banho de rio, de encontrar alguns animais, estamos preparados para acolher e tenho certeza que a COP 30 será incrível e deixará vários resultados positivos para o mundo.
Conexão Beat: Como foi vencer a categoria Brasil no Prêmio Multishow representando o Norte?
Viviane Batidão: Foi muito importante. Até chorei, e sou muito dura para chorar. Primeiro que quando fui indicada já foi uma grande surpresa. Não imaginava mesmo ser indicada. O Prêmio Multishow sempre me pareceu muito longe. Quando fui indicada, já fiquei super feliz e já era como se já tivesse ganhado. Meu estado me abraçou, e foi por voto popular. Quando ganhei, só queria gritar. Estava muito feliz. Não foi só a Viviane que ganhou. Era um prêmio da cultura paraense, do tecnomelody, do brega, e do tecnobrega. Esperamos tanto por esse momento. Foi muito importante mesmo.
Conexão Beat: O que você está preparando para a sua apresentação na Virada Cultural? Qual a sensação de levar o tecnomelody para o palco montado em meio às ruas de São Paulo?
Viviane Batidão: Estou muito feliz e ansiosa para essa apresentação. Não preparei nada muito diferente do que já faço nos meus shows, porque quero levar a cultura paraense na sua essência. Meu show é completo: tem dança, figurinos marcantes, telão e, se for permitido, até pirotecnia, risos! Sei que vai ter muita gente que já conhece e ama a cultura paraense, mas também vai ter um público que nunca teve contato com o tecnomelody. Quero que essas pessoas se sintam bem, acolhidas, e que conheçam um pouco da nossa música, que é tão rica e cheia de energia. No domingo, ainda vai ter um momento muito especial: uma participação com a aparelhagem Crocodilo, que é uma das maiores do Pará e representa demais essa tradição tão típica da nossa terra.
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